O que é espiritualidade?

Você já se perguntou o que existe no universo além do palpável? Além daquilo que você pode sentir, tocar, ouvir, ver, cheirar ou respirar? Que se esconde nas entrelinhas, que te move em direção a caminhos que você não entende?

Não há característica mais natural ao ser humano que o questionamento sobre o desconhecido. Existem algumas exceções, mas a maioria das pessoas sente que existe algo mais, que não podem ver, mas que influencia nas nossas diversas atividades e relações interpessoais e nos acontecimentos que se dão no mundo. Isso é justamente o que nós chamamos de espiritualidade.

Pense da seguinte maneira: existe o material, ou seja, aquilo cuja existência pode ser comprovada pelos cinco sentidos do corpo humano. Por exemplo, quando você está diante de uma árvore, você a vê, toca, ouve os sons que o vento produz em seus galhos, pode experimentar seu sabor ou sentir os odores que produz. Tudo isso é tangível, está no plano físico. Mas estar na presença dessa árvore também pode produzir forças e sensações desconhecidas, como a sensação de calma, de conforto, de conexão com a natureza, de proteção, ou mesmo de incômodo. Você pode não saber o porquê disso acontecer nem de onde isso vem, mas você sente. Isso acontece graças ao plano espiritual.

É comum confundir espiritualidade com religião, ou acreditar que é necessário ser religioso para ser espiritual. Apesar das duas coisas poderem, sim, estar conectadas, não é sempre que isso acontece. Você pode não ter nenhuma crença religiosa específica, mas mesmo assim sentir uma força que te move, que move o universo, e conectar-se com o desconhecido.

Nem tudo no universo é tangível. Às vezes, em um momento difícil de tomada decisão, você pode sentir algo te direcionando para determinada escolha, mas é incapaz de explicar, por meio de argumentos lógicos, o que te levou a seguir essa direção. Você não sabe de onde ele veio, mas está certo de que esse ‘algo’ foi determinante na sua decisão. E esse ‘algo’ não está contemplado nas descobertas e explicações científicas, e foge ao que o senso comum chama de ‘real’.

Há muitas formas de se conectar com o plano espiritual, e essas formas vão variar de acordo com a religião ou qualquer tipo de crença que você pratica. É possível que você reze, prática bastante comum de contato com o que muitos chamam de ‘outro lado’, ou que você medite, ou que procure respostas em objetos místicos (tarot, por exemplo), ou em pessoas com mediunidade ou sabedoria extra-mundana. Todas essas maneiras são uma busca por uma sabedoria que vai além da humana e que está presente na Terra, acessível aos humanos, mas fora do alcance material.

Espiritualidade tem a ver com fé, já que se trata de coisas não palpáveis. Você não pode ver, mas você sente e acredita. Pode ser no conceito moderno de Deus, difundido por tantas religiões, ou pode ser em outras forças que agem no universo, ou simplesmente em uma comunhão da natureza que age sob todas as pessoas. Independente de qual seja a força não visível que exista, é da sua fé nela que vem a espiritualidade.

O importante é que as pessoas consigam usar a espiritualidade delas para fazer o bem. Nós vivemos em tempos nos quais os bens materiais são cada vez mais importantes, o “ter” domina a mente de muitos seres humanos, deixando pouco ou nenhum espaço para a conexão metafísica. Há muita coisa negativa acontecendo por essa desconexão com o mundo espiritual, por não sabermos mais olhar para dentro, para o planeta, para a natureza. Quanto mais o materialismo domina a humanidade, mais o “eu” tem poder sobre o “nós”, e mais o planeta sofre.

Considerando, então, a reflexão que fizemos até agora, você se considera um ser espiritual? Você sabe e acredita na existência do não palpável, seja um deus, sejam deuses, sejam as forças da natureza, seja outro conceito de outra religião? Se sim, pare e pense: você tem estado em contato com isso? Você usa essa sua fé para fazer o bem para a humanidade, para apaziguar conflitos ou melhorar o ambiente a sua volta?

O primeiro passo para desenvolver a espiritualidade é se sentir conectado consigo mesmo. Conhecer-se bem, saber o que se passa no seu interior, na sua mente, no seu corpo. Olhar menos para o que você tem e mais para quem você é. Preocupar-se com o seu desenvolvimento como ser humano na sua passagem pelo planeta Terra, independente do que você acredite que venha a acontecer depois disso.

Depois, olhar a sua volta. Buscar uma conexão com a natureza e com os demais seres vivos, sentir como as forças agem. Sair para respirar ar puro, caminhar junto às árvores e aos rios, conversar com outras pessoas e procurar entender como as coisas funcionam de forma orquestrada em um mundo que possui tantas peculiaridades e, muitas vezes, parece tão caótico. E continuar o processo de auto-conhecimento: rezar, meditar, praticar Yoga, atividades físicas, buscar a comunhão com objetos místicos ou qualquer outra coisa, desde que seja o que você acredite.

E direcionar tudo isso ao bem. O bem não é especificamente o que uma ou outra religião pregue, mas o que faz com o que o planeta respire, com que você e a natureza permaneçam em contato, com que o materialismo seja relegado a um segundo plano, que a importância seja dada não ao que se tem, mas ao que se é. Nós temos o privilégio de viver em um lugar tão cheio de beleza e temos a tendência a ignorar tudo isso, não conseguindo nos conectar com as maravilhas, sejam elas tangíveis ou intangíveis.

Espiritualidade é, sobretudo, se conectar e se harmonizar com as forças cuja origem não conhecemos, e cuja existência não podemos explicar ou provar, apenas sentir e acreditar. Que tal deixar um pouco a materialidade e praticar a espiritualidade: viver em paz interior e exterior, produzindo o bem para o ambiente e para os demais seres vivos? Quanto mais o “somos” se sobrepõe ao “temos”, mais o mundo melhora para todos que o habitam, e mais podemos perceber como tudo isso que é oculto age em sintonia para manter a energia positiva do universo.

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